Pacientes com câncer muito frequentemente apresentam perda aguda de tecido adiposo e muscular estriado esquelético, numa síndrome chamada caquexia. Essa síndrome metabólica não só prejudica a qualidade de vida como também aumenta as taxas de morbidade e mortalidade (ela é tida como responsável por até 20% das mortes por câncer). Além disso, ela ainda dificulta do tratamento da doença, diminuindo a eficiência da quimioterapia, por exemplo. A freqüência da perda de peso depende do tipo de câncer, sendo mais comum e mais grave em pacientes com cânceres do trato gastrointestinal, de pulmão e de próstata.
Além de seu papel como um reservatório de combustível, o tecido adiposo também funciona como uma importante glândula endócrina, uma vez que sintetiza uma gama de hormônios e proteínas chamadas adipocinas. Esses hormônios mandam sinais que modulam o apetite, a sensibilidade a insulina, inflamações e o desenvolvimento do próprio tecido. Apesar de ser conhecida a grande perda de tecido adiposo em pacientes sindrômicos, quase nada se sabe sobre os mecanismos celulares e moleculares que acarretam esse problema. Estudos sugerem que essa atrofia pode surgir de uma resposta catabólica acentuada e de processos anabólicos interrompidos. Um dos mecanismos averiguados para chegar a essa conclusão foi a lipólise - medida pela taxa de aparecimento de glicerol -, que se apresenta mais acentuada em pacientes com caquexia. Outro ponto analisado foi a queda de insulina circulante, responsável pela deposição de gordura e pelo transporte de glicose pelo tecido adiposo. Ocorre perda, ainda, devido a deficiência na formação desse tecido, por causa da baixa concentração de RNAm de enzimas reguladoras desse desenvolvimento e de GLUT-4 (adiposo), responsável pela entrada da glicose nas células
Hoje, acredita-se que pessoas com IMC elevado, mesmo este sendo um fator de risco em longo prazo, possuem uma maior sobrevida quando acometidas por doenças debilitantes, como o câncer. Isso não significa que obesidade é algo bom! O importante é se estudar e se conhecer melhor os mecanismos responsáveis pela debilidade gerada pela caquexia para que se desenvolvam tratamentos eficazes e se evite um prognóstico ruim para pacientes passíveis de recuperação.
Por Marcela Peres
Fonte: Artigo “New insights into adipose tissue atrophy in cancer cachexia”, BING, C e TRAYHURN, P
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